Plantas Carnívoras

Planta carnívora

Grupo de espécies vegetais dotadas da capacidade de digerir protídeos de origem animal, absorvendo os produtos da digestão e obtendo assim um suprimento complementar de nitrogênio, sob forma assimilável. Os pratos principais desse grupo são pequenos crustáceos, insetos e, mais raramente, anfíbios ou pequenos mamíferos.

As plantas carnívoras são fruto da evolução de certas espécies que buscaram uma forma de sobreviver nos solos pobres em nutrientes orgânicos. Essas plantas passaram a retirar do ambiente o complemento alimentar que a terra não lhes fornecia. As primeiras plantas carnívoras que surgiram na Terra desenvolveram métodos para aprisionar e digerir animais e, assim, utilizar suas proteínas - ricas em nitrogênio - como fonte de nutrientes. Estima-se que isso tenha ocorrido há cerca de 65 milhões de anos - na época dos dinossauros!

Acredita-se que as plantas carnívoras evoluíram a partir de plantas que capturavam parasitas para se defender deles, como no caso do Plumbago. Os insetos ficavam presos nas glândulas colantes das folhas e, com o tempo, morriam e apodreciam. Daí, as novas carnívoras especializaram suas folhas, distribuindo glândulas colantes por toda sua extensão para melhor capturar as presas. O interessante é que elas evoluíram também para atrair as presas. Dessas folhas colantes, de ação passiva, evoluíram folhas de ação ativa, mais complexas, como as armadilhas da Dionaea (dionéia), os ascídios das Nepenthes e Sarracenia e até as esquisitas armadilhas subterrâneas/aquáticas da Utricularia e Genlisea.
As plantas sofrem grande competição por luminosidade, são endemicas, mas espalhadas pelo mundo, cerca de 700 espécies, agrupadas em 19 gêneros. Medem de 1 a 3 cm, mas algumas chegam a medir 50 cm (com diâmetro de 30 cm). São atraentes, delicadas, com diversas formas e cores.

Geralmente as plantas têm folhas que imitam, na forma, cor e odor, as flores. Algumas plantas refletem luz ultravioleta em quantidades diferentes, só visível para o inseto. Com esses artifícios, elas atraem pequenos insetos que, uma vez em contato com a armadilha, são capturados de diversas formas diferentes.

Uma das formas mais comuns de captura é a secreção de um líquido viscoso com aparência de gotículas de orvalho, no qual o inseto fica grudado. Depois, ao se debater, o inseto ativa um sistema químico e um mecânico. O mecânico é ativar as outras folhas, que se inclinam e prendem o inseto. O químico é a liberação de líquidos digestivos para absorver as proteínas do inseto e digeri-las. Um exemplo de planta que possui este mecanismo é o da Drosera glanduligera.Já o gênero Drosophyllum, não possui o sistema mecânico e o inseto fica apenas grudado na folha.

Outra forma é a da Utricularia, que pode ser aquática ou terrestre. As armadilhas são minúsculas folhas modificadas, que se assemelham a pequenas bolas, e bombeiam o ar e a água que têm dentro para fora, formando um vácuo entre suas paredes. A presa chega perto da bola, toca os pelinhos existentes na abertura e é sugada para dentro, onde é digerida.

Um dos sistemas de captura mais elaborados é o do gênero Heliamphora que tem folhas em forma de vasos. Nesses vasos, elas acumulam água da chuva e enzimas que a planta secreta, os insetos se afogam e são digeridos.

Nas plantas do gênero Nepenthes, as paredes internas dos vasos são lisas, revestidas com cristais serosos e, no fundo, há um líquido produzido pela planta: o inseto atraído pousa na abertura, escorrega e cai, molhando as asas no líquido. Ao perceber que está em perigo, ele tenta escapar, escalando as paredes do jarro, mas, quando chega próximo à abertura, os cristais serosos dessa região se quebram. O inseto cai novamente. Depois de três ou quatro tombos, ele acaba afundando e termina por morrer afogado. Existe uma tampinha sobre a entrada do jarro, seu objetivo é apenas o de impedir a entrada da chuva, que diluiria as enzimas presentes no líquido. A tampa não tem participação do processo de captura da presa.
A mais popular das plantas carnívoras, a Dionaea, tem um sistema de ratoeira. A ratoeira é composta de duas partes da folha que possuem, nas faces internas, três pêlos eretos, que ao serem tocados, fecham a armadilha. A planta começa a secretar as enzimas, restando apenas a carcaça do inseto.

Planta carnívora

O gênero Sarracenia possui folhas ocas, cheias de pelinhos que se voltam para o lado interno, com uma tampinha. Esses pêlos impedem o animal de sair. O gênero Darlingtonia possui um esquema parecido com o do gênero Sarracenia, porém na parte superior da folha oca, ela tem uma lingüinha que produz néctar, que atraem os insetos, servindo, também, como pista de pouso para os alados.

Genlisea, outro gênero de plantas carnívoras, tem um sistema onde as folhas modificadas subterrâneas parecem raízes, formando "saca-rolhas", com pêlos voltados para dentro dos canais retorcidos (as folhas). Quando o inseto fica preso, começa o processo de absorção da proteína animal.

Segundo os estudos de fósseis, as plantas carnívoras surgiram há cerca de 60 milhões de anos. Hoje, as plantas carnívoras são estudadas para efeitos medicinais e também estão em extinção.

As plantas carnívoras, possuem mecanismos de auto alimentação, através da fotossíntese. Não necessitam de proteína animal, diariamente, para sobreviver. As proteínas animais funcionam como suplemento alimentar, deixando-as mais resistentes e bonitas. Se a planta tiver luz e água, não morrerá de fome. Atualmente, são conhecidas mais de 500 espécies de plantas carnívoras, espalhadas pelo mundo. No Brasil, existem mais de 80 espécies diferentes. Somos o segundo país do mundo a possuir mais espécies de carnívoras; o primeiro é a Austrália. Aqui, elas crescem principalmente nas serras e chapadas. Podem ser encontradas em quase todos os estados, sendo mais abundantes em Goiás, Minas Gerais e Bahia.

As plantas carnívoras crescem em solos pobres em nutrientes - a maioria em solos encharcados (como brejos), de pH baixo (ácido), às vezes pedregosos. Ao contrário das flores, que atraem e às vezes até prendem insetos para garantir a polinização, as plantas carnívoras têm como comportamento típico a necessidade de atrair, capturar e digerir pequenos seres do reino animal. Muitas carnívoras atraem suas presas da mesma forma que as flores atraem seus polinizadores: com formas, cores, substâncias químicas e odores. Outras se aproveitam dos padrões de luz ultravioleta de suas armadilhas para atrair insetos voadores.

É comum encontrarmos na literatura o nome "insetívora" para estas plantas, mas muitos dos estudiosos sobre o assunto discordam e afirmam que tal termo não é correto. Insetos são o principal elemento de seu cardápio, mas a dieta das carnívoras pode ser bem variada, incluindo desde organismos aquáticos microscópicos, moluscos (lesmas e caramujos), artrópodes em geral (insetos, aranhas e centopéias) e, ocasionalmente, pequenos vertebrados como sapos, pássaros e roedores.

As plantas do gênero Nepenthes são as que possuem as maiores armadilhas, podendo chegar a meio metro de altura cada e armazenar até 5 litros de água! Estas plantas com freqüência capturam presas grandes. Na verdade, supõe-se que os vertebrados tornam-se presas acidentalmente: ao procurar por insetos presos nas armadilhas, em busca de alimento, os mais debilitados não conseguem escapar e acabam passando de predador à presa. De jaulas a folhas colantes Há vários tipos de armadilhas utilizadas pelas plantas carnívoras para capturar suas presas:

* As armadilhas "jaula" são as mais famosas por ser a própria representação da ação carnívora por meio de vegetais! As folhas são divididas em duas partes, como se fosse uma boca, com gatilhos no interior. Ao ser tocado pelo inseto, o gatilho aciona um mecanismo que fecha as metades da folha em incríveis frações de segundo. Elas só voltam a se abrir após as enzimas terem digerido o animal. A propósito, tais enzimas proteolíticas são fracas e, por isso, inofensivas à pele humana e aos animais de médio e de grande porte. Esse tipo de armadilha é encontrado na Dionaea (Dionéia) e Aldrovanda. A dionéia é a mais popular e ativa das plantas carnívoras; tem folhas de 8 a 16 centímetros. O inseto capturado é digerido pelas glândulas digestivas da folha da dionéia durante 5 a 15 dias.

Planta carnívora

* Armadilhas de "sucção" são utilizadas por todas as espécies de Utricularia, pois elas vivem submersas em água doce ou brejos. Essas espécies possuem pequenas 'bolsas' (utrículos), cada qual com uma minúscula entrada cercada por gatilhos que quando estimulados provocam a abertura dessa entrada. Em razão da diferença de pressão entre o interior e o exterior da 'bolsa' quando a entrada é repentinamente aberta, tudo ao redor é sugado para dentro, incluindo a presa que estimulou o gatilho.

* Armadilhas do tipo "folhas colantes" são as mais simples e encontradas em algumas famílias sem parentesco próximo. Basicamente, são glândulas colantes espalhadas pelas folhas ou até pela planta toda. As presas são, na maioria das vezes, pequenos insetos voadores. Esse tipo de armadilha é encontrado em Byblis, Drosera, Drosophyllum, Ibicella e Triphyophyllum. Dentre estas, a Drosera apresenta movimento nas glândulas, às vezes na folha toda, enrolando-se sobre a presa para colocar mais superfície em contato com ela, de forma a ajudar a digestão e a subseqüente absorção. Com folhas de 2 a 35 centímetros, com longos pêlos glandulares, semelhantes a tentáculos que segregam líquido pegajoso, brilhante e com odor de néctar, elas se curvam para prender os insetos e raramente reagem a um movimento que não seja o de uma presa em potencial. Quanto mais o inseto se debate, mais preso fica pelo líquido viscoso, que contém as enzimas digestivas. Os nutrientes do animal são absorvidos em cerca de 5 dias. Após isso, a folha se desenrola, pronta para nova captura.

* "Ascídios" são folhas altamente especializadas, inchadas e ocas, que se parecem urnas ou jarras, com uma entrada no topo e um líquido digestivo no interior. Também podem estar presentes em algumas famílias sem parentesco próximo: Cephalotus, Darlingtonia, Heliamphora, Nepenthes, Sarracenia, etc. Capturam desde pequenos vertebrados até minúsculos invertebrados. As presas caem no líquido digestivo, ali se afogam e são digeridas. Seus restos se acumulam no fundo, às vezes enchendo a armadilha até o topo! A Darlingtonia, por exemplo, é popularmente chamada de planta-jarra. As folhas, inicialmente delgadas, adquirem forma tubular. As maiores chegam até 90 centímetros de comprimento, assumindo finalmente o aspecto de jarra, com ápice alargado. A jarra é provida de nervuras vermelhas e funciona como armadilha. Os insetos caem no líquido que se acumula no interior da urna em função da cera adesiva que existe na parede interna da parte superior da jarra. Esta espécie é encontrada normalmente em barrancos úmidos e nas margens dos rios. Sua principal característica é o fato de usar bactérias para fazer a digestão dos insetos que aprisiona.

P.S.: Se você está se perguntando: Plantas Carnívoras não comem carne humana? A resposta é simples: Sim, ela come. Como qualquer proteína animal, a carne huma pode ser digerida pelas enzimas que as plantas produzem, porém só será possível caso você deixe a carne lá durante um período de tempo varíavel (em pedaços pequenos).

P.S. do P.S.: As plantas carnívoras são facilmente encontradas em várias regiões do Brasil, porém se você estiver interessado em ter uma em casa, elas são encontradas em floriculturas de Shoppings Centers ou em grandes feiras do CEASA. Para ter uma, você necessita mais de sol, do que de insetos.

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