Transgênicos

Você já deve ter ouvido falar na sigla OGM, que quer dizer Organismo Geneticamente Modificado; ou, simplesmente transgênico. Especificamente, trata-se de um ser vivo cuja estrutura genética (a parte da célula onde está armazenado o código da vida), foi alterada pela inserção de genes de outro organismo, de modo a atribuir ao receptor características não programadas pela natureza. Uma planta que produz uma toxina antes só encontrada numa bactéria. Um microorganismo capaz de processar insulina humana.

Um grão acrescido de vitaminas e sais minerais que sua espécie não possuía. Tudo isso é OGM.

A engenharia genética utiliza enzimas para quebrar a cadeia de DNA em determinados lugares, inserindo segmentos de outros organismos costurando a seqüência novamente. Os cientistas podem "cortar" e "colar" genes de um organismo e manipulando sua biologia natural a fim de obter características específicas (por exemplo, determinados genes podem ser inseridos numa planta para que ela produza toxinas contra pestes). Este método é muito diferente do que ocorre naturalmente com o desenvolvimento dos genes.

Os alimentos transgênicos são produtos da biotecnologia, que é uma ciência que, em termos gerais desenvolve produtos por meio de processos biológicos, como por exemplo a alteração genética de espécies através da tecnologia do DNA recombinante. Esta alteração ocorre entre espécies diferentes presentes na natureza e como objetivo de melhorar as características do organismo em estudo. A soja e o milho são exemplos de alimentos geneticamente modificados que estão sendo comercializados no mundo e já existem outros, como mamão, o feijão e o cacau, que ainda estão em estudo. Porém, a grande novidade é o arroz dourado, contendo beta-caroteno – precursor da vitamina A – e o tomate rico em licopeno.

Já foram permitidos nos EUA certas variedades de tomate, soja, algodão, milho, canola e batata. O plantio comercial intensivo também é feito na Argentina, Canadá e China. Na Europa, foi autorizada a comercialização de fumo, soja, canola, milho e chicória, (só o milho é plantado em escala comercial na França, Espanha e Alemanha.)

Estima-se que aproximadamente 60% dos alimentos processados contenham algum derivado de soja transgênica e que 30% tenham ingredientes de milho transgênico. Porém, como a maioria destes produtos não estão rotulados, é impossível saber o quanto de alimentos transgênicos está presente em nossa mesa. Em grande parte do mundo os governos nem sequer são notificados se o milho ou a soja que eles importam dos EUA são produtos de um cultivo transgênico ou não.

No Brasil, segundo o artigo 225 da Constituição Federal Brasileira: "Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder público e à Coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Testes feitos em laboratórios europeus detectaram a presença de transgênicos em 11 lotes de produtos vendidos no Brasil, a maioria deles contendo a soja geneticametne modificada Roudup Ready, da Monsanto ou com o milho transgênico BT, da Novartis.

Nestogeno, da Nestlé do Brasil, fórmula infantil a base de leite e soja para lactentes contendo soja RR;

Pringles original, da Procter e Gamble, batata frita contendo milho BT 176 da Novartir;

Salsicha Swift, da Swift Armour, salsichas tipo viena contendo soja RR.

Sopa knorr, da Refinações de Milho Brasil, mistura para sopa sabor creme de milho verde contendo soja RR;

Cup Noodles, da Nissin Ajinomoto, macarrão instantâneo sabor galinha contendo soja RR;

Cereal Shake Diet, da Alvebra Industrial, alimento para dietas contendo soja RR;

Bacós da Gourmond Alimentos (2 lotes diferentes), chips sabor bacon contendo soja RR;

Prosobee, da Bristol-Myers, fórmula não láctea à base de soja contendo soja RR;

Soy Milk, da Alvebra Industrial à base de soja contendo soja RR;

Supra Soy, da Jaspar, alimento à base de soro de leite e proteína isolada de soja contendo soja RR.

VANTAGENS DOS TRANSGÊNICOS

1.       O alimento pode ser enriquecido com um componente nutricional essencial. Um feijão geneticamente modificado por inserção de gene da castanha do Para passa produzir metionina, um aminoácido essencial para a vida. Um arroz geneticamente modificado produz vitamina A;

2.       O alimento pode ter a função de prevenir, reduzir ou evitar riscos de doenças, através de plantas geneticamente modificadas para produzir vacinas, ou iogurtes fermentados com microorganismo geneticamente modificados que estimulem o sistema imunológico;

3.       A planta pode resistir ao ataque de insetos, seca ou geada. Isso garante estabilidade dos preços e custos de produção. Um microorganismo geneticamente modificado produz enzimas usadas na fabricação de queijos e pães o que reduz o preço deste ingrediente; Sem falar ainda que aumenta o grau de pureza e a especificidade do ingrediente e permite maior flexibilidade para as indústrias;

Aumento da produtividade agrícola através do desenvolvimento de lavouras mais produtivas e menos onerosas, cuja produção agrida menos o meio ambiente.

DESVANTAGENS DOS TRANSGÊNICOS

1.  O lugar em que o gene é inserido não pode ser controlado completamente, o que pode  causar resultados inesperados uma vez que os genes de outras partes do organismo podem ser  afetados.

2. Os genes são transferidos entre espécies que não se relacionam, como genes de animais em vegetais, de bactérias em plantas e até de humanos em animais. A engenharia genética não respeita as fronteiras da natureza – fronteiras que existem para proteger a singularidade de cada espécie e assegurar a integridade genética das futuras gerações.

3. A uniformidade genética leva a uma maior vulnerabilidade do cultivo porque a invasão de pestes, doenças e ervas daninha sempre é maior em áreas que plantam  o mesmo tipo de cultivo. Quanto maior for a variedade (genética) no sistema da agricultura, mais este sistema estará adaptado para enfrentar pestes, doenças e mudanças climáticas que tendem a afetar apenas algumas variedades.

4. Organismos antes cultivados para serem usados na alimentação estão sendo modificados para produzirem produtos farmacêuticos e químicos. Essas plantas modificadas poderiam fazer uma polinização cruzada  com espécies semelhantes e, deste modo, contaminar plantas utilizadas exclusivamente  na alimentação. 

5. Os alimentos transgênicos poderiam aumentar  as alergias. Muitas pessoas são alérgicas a determinados alimentos em virtude das proteínas que elas produzem. Há evidências de que os cultivos transgênicos podem proporcionar um potencial aumento  de alergias em relação a cultivos convencionais.

CONCLUSÃO

                  Visualiza-se que nos próximos anos pode-se ter ganhos expressivos em diversos setores da sociedade, como por exemplo nas indústrias de alimentos (produtos com maiores qualidades de cor, sabor, textura, rendimento) e farmacêuticas (plantas que ofereçam produtos farmacêuticos ou de maior efeito médico).

                  Por outro lado é preciso investir em ciência básica para estabelecer protocolos adequados às condições ambientais e a biodiversidade própria do território nacional. Devem ser criados mecanismos públicos de controle, monitoramento e avaliação dos riscos ambientais e sociais causados pela biotecnologia e seus produtos.

                 Muitas vezes o uso da engenharia genética na agricultura é justificada pelo aumento da população mundial. Porém, de acordo com as Nações Unidas, o mundo produz uma vez e meia a quantidade de alimentos necessária para alimentar toda a população do planeta.

                 Apesar disso, uma em cada sete pessoas passa fome no mundo . o problema da fome está, portanto, intimamente ligado com as desigualdades sociais. Assim sendo, a engenharia genética, pelo menos até o momento, não se mostrou capaz de ser uma alternativa para solucionar o problema. Pelo contrário, a falsa idéia de que a bioteconologia é a solução, permite que governos e indústrias se distanciem do seu compromisso político de lidar com as desigualdades sociais que levam à fome.

                 O futuro da pesquisa baseada na biotecnologia deverá ser determinado por uma relação de forças, e não há razão para que os agricultores e o público em geral, devidamente fortalecidos, não consigam influenciar o rumo da biotecnologia para atingir os objetivos sustentáveis.

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